Oscar 2015: Vencedores discursaram em defesa de direitos humanos

O teatro Dolby, em Hollywood, recebeu na noite deste domingo (22/2) mais uma edição do Oscar, e a premiação foi marcada, neste ano, pelos discursos dos que conquistaram estatuetas em algumas das principais categorias, como Melhor Direção, Melhor Ator e Melhor Atriz. Os vencedores aproveitaram a visibilidade da cerimônia - que é transmitida ao vivo para mais de 225 países - para falar sobre temas como igualdade de gênero e racial, e temáticas que têm relação com o filme em que trabalharam. Relembre os temas que foram abordados nos discursos:
Direitos da mulher

O caráter de protesto começou já no tapete vermelho, antes do início da festa, quando muitas das atrizes aderiram ao movimento #AskHerMore (em inglês, "pergunte mais a ela"), para que os jornalistas conversassem sobre seus trabalhos e carreiras, e não fizessem perguntas apenas a respeito de seus vestidos e jóias. O primeiro discurso que chamou a atenção foi o de Patricia Arquette, vencedora do prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação em Boyhood: Da infância à juventude. Após receber sua estatueta, Arquette falou sobre direitos da mulher: "Nós temos lutado pela igualdade de direitos de todos. É nossa hora de termos igualdade de salários e direitos iguais para as mulheres", defendeu, sendo ovacionada pela platéia.
Igualdade racial

Na edição do Oscar que foi criticada pela ausência de negros entre os indicados, John Legend e o rapper Common, vencedores na categoria de Melhor Canção Original, (Glory, do filme Selma), defendram igualdade racial - temática relacionada ao filme, uma cinebiografia do ativista social Martin Luther King, que mostra suas marchas entre a cidade de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery, em busca de direitos eleitorais iguais para a comunidade negra nos Estados Unidos. O rapper Common falou sobre a ponte na cidade de Selma onde Luther Kin fez o seu famoso discurso por igualdade de direitos, há 50 anos. "O espírito desta ponte transcende raça, gênero, religião, orientação sexual e status social. O espírito desta ponte conecta o garoto do sul de Chicago, sonhando com uma vida melhor, com o povo na França defendendo sua liberdade de expressão, com as pessoas em Hong Kong protestando por democracia. Essa ponte foi construída em cima da esperança, moldada com compaixão, e elevada pelo amor por todos os seres humanos".

John Legend complementou: "Nós escrevemos essa canção para um filme baseado em eventos de 50 anos atrás, mas nós afirmamos que 'Selma' ainda existe porque a luta por justiça existe agora mesmo. (...) Nós sabemos que agora mesmo a luta por liberdade e justiça é real. Nós vivemos no país com mais aprisionamentos do mundo. Há mais homens negros sob o controle corretivo hoje do que sob a escravatura em 1850", disse.
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

Eddie Redmayne, vencedor na categoria de Melhor ator ao interpretar o físico Stephen Hawking, dedicou sua estatueta aos potadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença degenerativa que atinge os neurônios motores do sistema nervoso central. No filme A teoria de tudo, Redmayne representa a vida de Hawking e mostra a convivência com a ELA. "Gostaria de dedicar o prêmio a esse maravilhoso homem e para aquelas pessoas ao redor do mundo que vivem com ELA, para aqueles que perderam suas vidas para esta doença brutal", disse. "Na preparação para interpretar Stephen, conheci muitas pessoas que lutam contra o ELA e as famílias que lutam com elas, a coragem, a bravura. (...) sou extremamente grato a eles", agradeceu.
Mal de Alzheimer

Após cinco indicações ao Oscar, Julianne Moore conquistou o prêmio de melhor atriz por sua performance em Para Sempre Alice, e em seu discurso lembrou o mal de Alzheimer, doença que acomete sua personagem no filme; destacando a importância de se discutir o assunto: "Estou muito feliz e emocionada por termos sido capazes de quem sabe brilhar uma luz sobre a doença de Alzheimer. Tantas pessoas com essa doença se sentem isoladas e marginalizadas, e uma das coisas maravilhosas sobre o cinema é que ele nos faz sentir vistos, e não sozinhos.as pessoas com Alzheimer merecem ser vistas para que possamos encontrar uma cura", defendeu.
Imigração

Quase no fim da premiação, após receber sua estatueta por melhor direção em Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância), o mexicano Alejandro Iñárritu lembrou os imigrantes latino-americanos nos Estados Unidos. "Eu quero dedicar este prêmio aos meus colegas mexicanos, e rezo para que possamos encontrar o governo que merecemos, e aos que estão neste país, que são parte da geração mais recente de imigrantes, torço para que sejam tratados com a mesma dignidade e espeito daqueles que vieram antes e construíram esta incrível nação de imigrantes"; declarou.

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