Em entrevista, Wagner Moura avalia governo Dilma e critica ‘cultura do politicamente incorreto’


Prestes a concorrer, pela segunda vez, a um Urso de Ouro no Festival de Berlim, agora pelo filme “Praia do Futuro”, de Karim Almouz, o ator Wagner Moura analisou aspectos da atual realidade brasileira, na visão de quem tem passado a maior parte do tempo fora do país por conta de trabalhos internacionais, em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta quarta-feira (12).

Segundo ele, o governo Dilma Rousseff (PT), que “tem se mostrado incompetente em várias áreas”, precisa se atentar mais a questões como os direitos humanos, a ecologia e a cultura. “Houve uma oportunidade perdida no governo Lula e que piorou no governo Dilma. Desde que me entendo como pessoa, o presidente mais importante que o Brasil teve foi o Lula, porque diminuiu a desigualdade social. (...) Ele se beneficiou de uma conjuntura internacional boa. Quando a chapa esquentou internacionalmente, as fragilidades ficaram mais evidentes no governo Dilma. E o pior é que a gente tem uma postura triunfalista, comemorando vitórias o tempo todo”, avaliou.

O baiano também aproveitou para manifestar simpatia pela ex-senadora Marina Silva (PSB), mas não por seu aliado na disputa eleitoral deste ano, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). “Com todo respeito a ele, e acho que é um bom político, mas tudo o que o PSB não faz é política de uma forma nova, que é o que a Rede [legenda idealizada, mas não concretizada, pela ex-parlamentar] propõe”, opinou.

Questionado sobre o recente cenário artístico do país, Wagner fez duras críticas à exaltação da “cultura do politicamente incorreto”, mais predominante no humor. “É uma pena que muitos comediantes, e não só comediantes, mas muitos artistas jovens brasileiros sejam de direita. Sejam garotos fascistas. Eles fazem um trabalho que a gente ensina nossos filhos a não fazer. Apontam para os outros e dizem ‘hahaha, você é preto, você é viado, você é aleijado’. Eu sou politicamente correto. (...) Ser radical como artista é diferente de humilhar os outros”, discerniu.

Postar um comentário

0 Comentários